quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

My 20 Favorite Movies: #05. Sunset Blvd. (1950, Wilder)


No quinto lugar encontra-se a fantástica sátira e obra-prima de Billy Wilder Sunset Blvd. Daquilo que já vi de Billy Wilder, posso afirmar que é bem provável que ele seja o único realizador cujos filmes caiem sempre nas minhas boas graças. Até hoje ainda não vi um único filme dele que não gostasse (o Double Indemnity é soberbo, o Ace in the Hole é extremamente completo, o Sabrina é uma pequena pérola, o Stalag 17 é exímio na sua abordagem aos campos de concentração da segunda grande guerra, e adiante).

O Sunset Blvd. foi o primeiro grande clássico que vi quando começei a debruçar-me seriamente sobre o mundo do cinema, e cativou-me imediatamente desde a primeira narração, desde a primeira cena. A imagem do cadáver de Joe Gillis a flutuar numa piscina surge como o ponto de partida para um enredo brilhante, capaz de captar a atenção de qualquer um.


 Joe Gillis (magistralmente desempenhado por William Holden), cínico argumentista de Hollywood, já viu dias melhores na sua vida. Sem sucesso na sua profissão e com o acumular de dívidas, Joe começa a ser pressionado para repor o que deve. Tentando fugir dos credores que o apoquentam, ele encontra na famosa Sunset Boulevard o refúgio perfeito para se esconder – uma velha mansão, pertencente à antiga estrela do cinema mudo Norma Desmond (Gloria Swanson, num dos grandes papéis do cinema). No primeiro encontro entre Joe e Norma, ele reconhece-a:

You're Norma Desmond. You used to be in silent pictures. You used to be big.”

Norma prontamente responde:

“I am big. It's the pictures that got small”.

É esta natureza lunática de Norma Desmond que a impele a vingar novamente no mundo do cinema mas desta vez ocupando as posições de actriz principal e a de argumentista (um pequeno indício da tremenda vontade que ela tem de voltar a estar nas luzes da ribalta. Norma acredita piamente que a inclusão de diálogo nos filmes veio destruir a qualidade dos mesmos: “We didn't need dialogue. We had faces!”, pelo que o facto de estar a contribuir para a concretização de um filme falado que a catapultasse novamente para o estrelato supera todo e qualquer preconceito que ela possa ter relativamente às evoluções que o cinema sofreu).

Joe Gillis: I didn't know you were planning a comeback.
Norma Desmond: I hate that word. It's a return, a return to the millions of people who have never forgiven me for deserting the screen.


Joe começa a colaborar com a antiga actriz no seu guião e daí surge uma relação doentia. Completamente obcecada com antigo estatuto de celebridade, a solitária, narcisista e egocêntrica Norma impõe-se a Joe dando-lhe aquilo que ele não tem: dinheiro. Querem mais? Vejam o filme! Ahah.

As várias passagens que coloquei ao longo deste post não são meramente indicativas, nem têm o único propósito de contextualizar a natureza das personagens. Servem sim para ilustrar aquele que considero ser o melhor argumento jamais escrito. Um enredo empolgante, diálogos fascinantes, personagens e frases icónicas. O argumento de Sunset Blvd. tem tudo isso. A forma de como assistimos à progressiva descida à demência por parte de Norma Desmond é um verdadeiro exercício em como escrever boas histórias. Aliás, não deve ser por acaso que sempre que oiço a expressão “Já não se fazem filmes como antigamente” o Sunset Blvd. é o primeiro filme que me vem à mente. É verdadeiramente uma grande obra.


“All right, Mr. DeMille, I’m ready for my close-up”

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