sexta-feira, 25 de maio de 2012

Immortals (2011, Singh)



A principal razão que me levou a ver Immortals foi o nome do seu realizador. The Fall é um filme soberbo, e apesar de não o colocar no mesmo patamar, The Cell é também um filme visualmente arrebator com o seu quê de interessante.  Gosto da forma de como Tarsem Singh joga com as cores e com a simetria. Sei que, com os filmes dele, posso contar com um grande deslumbramento visual. No entanto, pouco mais (para não dizer mesmo que nada mais) se aproveita neste Immortals.

O argumento não traz nada de novo para cima da mesa e à montagem faltava-lhe pujança, mais dinamismo e maior fluídez. São algumas as cenas que se arrastam por períodos que parecem infindáveis (senti-me imortalmente aborrecido. Ahahaha. So funny... yeah, no). 

As cenas de pancadaria relembram um 300 ou um God of War, o que acaba por trazer algum estilo ao filme, mas tirando isso e a boa fotografia, o “épico” protagonizado pelo futuro Homem de Aço – Henry Canvill – é um miss.


domingo, 20 de maio de 2012

We Need To Talk About Kevin (2011, Ramsay)


 
Com We Need To Talk About Kevin, Lynne Ramsay adapta o livro homónimo assinado por Lionel Shriver e apresenta-nos um olhar sobre o desespero e o exasperado conflito interno pelo qual uma mãe – Eva (Tilda Swinton) – passa quando o seu filho – Kevin (Ezra Miller) – comete uma atrocidade de enormes proporções na sua escola.

Optando por investir numa estrutura narrativa não linear e recorrendo ao simbolismo associado à cor vermelha (excessivo, até. Eventualmente a cor deixa de perder o seu significado apenas para se tornar num elemento distractivo), a realizadora escocesa retrata uma relação entre Mãe e Filho. Uma relação penosamente distante e fria. Os sonhos e memórias que aquecem o coração de Eva são despedaçados com o nascimento do seu filho. A maldade nasce com o homem ou é cultivada durante todo o processo de crescimento?

Assistimos à relação destrutiva que Mãe e Filho partilham. Assistimos ao massacre levado a cabo por Kevin. Assistimos à forma de como Eva tenta prosseguir com a sua vida, carregando na alma, e para o resto dos seus dias, o peso das suas dúvidas, da sua desilusão, da sua impotência. São nestes particulares momentos em que Tilda Swinton brilha, deixando que as suas expressões resvalem tudo o que Eva sente, sem que exista a necessidade de expô-lo por palavras.

Creio que a expressão “por vezes, menos é mais” adequa-se perfeitamente a este tipo de filmes: Não seria necessário adoptar uma estrutura narrativa não linear, porque a história é suficientemente cativante para captar a atenção. Um uso mais subtil do vermelho também não seria mau, porque a certa altura a mensagem parece mais do que forçada. We Need To Talk About Kevin é um filme perturbador, mas que poderia ter tido um maior potencial e um impacto emocional muito maior.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Looking Back At 1994

Honorable Mention
Ed Wood
Dir. Tim Burton
 
#5
 Heavenly Creatures
Dir. Peter Jackson

#4
 Trois Couleurs: Rouge [Three Colors: Red]
Dir. Krzysztof Kieslowski

#3
Pulp Fiction
Dir. Quentin Tarantino

#2
Léon
Dir. Luc Besson

#1
Trzy Kolory: Bialy [Three Colors: White]
Dir. Krzysztof Kieslowski

terça-feira, 1 de maio de 2012

As Brincadeiras de Haneke


Uma família decide ir passar duas semanas na sua casa de férias. Paz e descanso na idílica localidade. A caminho da sua casa, passam pelos seus vizinhos. Apercebem-se de duas pessoas que não tinham conhecido anteriormente, e o clima está pesado. O pacífico ambiente que conhecem não reflecte em nada o que lhes espera.
“São 4 ovos se faz favor”. Um ordinário pedido feito por um jovem bem-educado e bem apresentado. Um pedido que despoleta o inferno em que a família se irá encontrar. Algo tão banal como ovos. Dois jovens fincam o pé: Os ovos partiram-se e querem mais. Intitulam-se ao direito de terem mais ovos só porque sim. Porque não haveriam de o fazer? Porque não ir mais longe e tomar a família como refém para a participação nos seus dementes jogos? Para os dois jovens isso faz sentido. O jogo é relativamente simples: A família tem que sobreviver até a manhã do dia seguinte.


Funny Games é um filme extremamente pesado, denso. Impiedosamente violento, também. O propósito de colocar o espectador frente a frente com uma tão fria demonstração de violência, com o intuito de fazer com que este se questione sobre o que está a ver é, em parte, conseguido pela mão de Haneke. É um filme violento, mas não demonstra sê-lo directamente no ecrã. Incita à reflexão, mas não é propriamente subtil nesse aspecto. É incisivo e extremamente manipulador, e neste sentido existe uma particular cena que representa a epítome do poder manipulativo exercido por Haneke. Case in Point: A cena do comando. É provavelmente a cena mais notória do filme, e é também uma cena que revela um certo grau de cinismo. Francamente contra a violência nos vários meios, Michael Haneke rebobina determinada instância (curiosamente, o único acto explícito de violência do filme), apenas para apontar o dedo ao espectador por ter “celebrado” esse momento em que a vítima decide actuar em prol da sua própria sobrevivência. Contudo, nos momentos seguintes, o realizador continua a alimentar o espírito que tanto critica.


Para mais eficazmente passar a mensagem do seu impactante filme, Michael Haneke optou por fazer um remake do seu próprio filme. Muda a língua (o alemão passa a inglês) e o elenco (Tim Roth, Naomi Watts, Michael Pitt e Brady Corbet substituem Ulrich Muhe, Susanne Lothar, Arno Frisch e Frank Giering, respectivamente), e tudo o resto mantém-se inalterado. Não sei até que ponto é que um remake terá sido a melhor forma de difundir a mensagem, dado que o filme original é substancial o suficiente para garantir que a sua mensagem ecoe ao longo dos anos. No entanto, e a fraca performance do remake no box-office norte-americano acaba por “dar a vitória” a Haneke. A título de curiosidade, o realizador terá dito a um dos produtores que se o filme fosse um sucesso, então seria porque a audiência não teria percebido o significado por detrás do mesmo.

Independentemente da controvérsia que poderá ter suscitado aquando do seu lançamento, Funny Games não deixa de ser um ponto de interesse no cinema europeu dos anos 90.  Quanto ao remake – e por ser cópia exacta do filme original – não perderia tempo em vê-lo a não ser que (1) não tenham visto o original; (2) sejam ávidos fãs do realizador e queiram ver toda a sua obra; ou (3) tenham gostado do original e queiram revisitá-lo com uma “cara lavada”.
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