domingo, 24 de julho de 2011

Straw Dogs (1971, Peckinpah)


Em primeiro lugar quero apenas dizer que o poster acima é simplesmente fantástico.

Uns anos antes o filme Bonnie and Clyde (1967, Penn) tinha aberto os portões da violência, mudando profundamente o panorama cinematográfico norte-americano na forma de como é que os actos humanos mais agressivos eram retratados no grande ecrã. Talvez um dos maiores adeptos desta mudança de paradigma tenha sido Sam Peckinpah: Em 1969 realizou o western The Wild Bunch que tornou-se, em parte, notório pelo seu épico final que demonstra um verdadeiro massacre. Dois anos depois, realiza este Straw Dogs, um dos mais marcantes e controversos (o lançamento deste filme em vídeo/DVD foi banido em Inglaterra entre 1984 e 2002) filmes da década de 70.


David Sumner (Dustin Hoffman) é um matemático que decide mudar-se para a Inglaterra rural, juntamente com a sua mulher, Amy (Susan George), para obter aquela paz de espírito que lhe permitisse terminar o livro que estava a escrever. Parte da razão desta mudança prende-se com o desejo de se afastarem da onda de violência que assolava o solo Americano. Contudo, será que a remota aldeia britânica terá sido a melhor escolha do casal?

O início do filme é portador de uma atmosfera, relativamente, creepy. Uma banda sonora misteriosa assume o pano de fundo enquanto a câmara paira sobre um conjunto de crianças a brincarem num cemitério. Há medida que as personagens vão sendo introduzidas, todo o ambiente começa a tornar-se cada vez mais negro, mais misterioso, mais incerto. 

O estilo de Peckinpah é bastante visível ao longo do filme todo, e a tensão vai escalando progressivamente culminando num clímax verdadeiramente intenso. Apenas consigo imaginar o profundo impacto que este filme deve ter tido na sua audiência aquando do momento de lançamento. Ainda numa fase de «adaptação», em que o melodrama que acompanhava os filmes até à meada dos anos 60 começava a desvanecer, dando lugar a filmes cada vez mais realistas e enérgicos, será que os espectadores estavam realmente preparados para o que iriam ver?


À semelhança de The Wild Bunch, o final de Straw Dogs surge como um resultado natural do desenrolar da narrativa e como tal todo o efeito «choque» que possa provocar é justificado. É um filme que apesar da sua idade, mantém-se relativamente fresco pelo que pode admitir-se que passou no teste do tempo.

Fiquei a saber, também que será lançado um remake ainda este ano, com estreia marcada nos EUA em Setembro. Hm.


terça-feira, 19 de julho de 2011

Take Shelter (2011, Nichols)


Finalmente encontro mais um filme que desperta em mim um grande interesse este ano. O trailer de Take Shelter, o segundo filme de Jeff Nichols, é enigmático e misterioso. Parece que iremos estar na presença de um thriller psicológico um tanto diferente dos que por aí andam. As imagens do trailer, só por si, são razão suficiente para me levarem a uma sala de cinema quando estrear. Se a banda sonora for remotamente parecida com a que ouvimos neste trailer, então deverei garantir a minha presença na sala de cinema no fim-de-semana de estreia. Se o desempenho do Michael Shannon for metade da sua interpretação em Shotgun Stories (também ele de Jeff Nichols), então o dia de estreia que me aguarde.

Já são dois filmes para ver obrigatoriamente este ano (o outro é o Melancholia do Lars Von Trier - nem vou muito na onda dele, mas veremos).

segunda-feira, 18 de julho de 2011

It's a Landmark! Part III

30 Mil.

É com grande prazer que anuncio que este blog chegou às suas 30 mil visitas! Um muito obrigado a todos os que por aqui passam e a todos aqueles que deixam os seus comentários. Vamos chegar às 50 mil? Esperemos que sim!

domingo, 17 de julho de 2011

TrollHunter (2010, Øvredal)



Mais uma adição ao registo de filmes que envolve um grupo de pessoas que se encontravam a fazer uma reportagem sobre fenómenos, no mínimo, misteriosos e que a certo ponto desaparecem e nunca mais ninguém ouviu falar deles. Isto, até ao momento em que encontram a câmara com imagens surpreendentes.

André Øvredal debruça-se sobre a mitologia Norueguesa e explora um tema figura inúmeros contos escandinavos – os Trolls.

Os eventos do filme ocorrem no momento em que vários ursos começam a aparecer mortos. Como na Noruega a caça ao urso é fortemente regulamentada, são poucas as pessoas que possuem essa licença. Dado que não serem essas pessoas que estão por detrás de tais actos, outras suspeitas levantam-se, e um grupo de estudantes de Jornalismo opta por investigar o caso. Acabam, eventualmente, por «associarem-se» a um auto-proclamado caçador de trolls, e o desenrolar da acção acaba por tornar-se surpreendente.


É um filme original, tanto na forma de como está escrito – onde aos momentos de suspense estão aliados pequenos momentos de comédia em que o seu timing é muito bom – bem como na forma de como é executado (algumas das instâncias mais tensas/claustrofóbicas evocam o título espanhol [REC]). Trolljegeren conta ainda com uns efeitos visuais fantásticos.

Pelo que tenho lido por aí, consta que é um filme feito, em grande parte, para os povos escandinavos dado que incorpora inúmeros pormenores que são directamente extraídos dos contos infantis característicos da zona. Posso admitir que toda a potencialidade do filme possa estar dependente desse facto, mas contudo, não é impeditivo para o desfruto do mesmo.


TV.

 
Pois bem, acontece que algures durante esta semana saíram os nomeados para os Emmys, não foi?

Não tenho muito a dizer sobre os mesmos, uma vez que como não vi mais de metade das séries e mini-séries que figuram na lista de nomeados não posso comentar sobre eles. Contudo, e em jeito de destaque daquilo que vi, MAD MEN e MODERN FAMILY ftw! E espero muito sinceramente que o Ty Burrell leve alguma coisa para casa, só mesmo porque o Phil Dunphy é a personagem mais cómica dos últimos anos.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Planet Terror (2007, Rodriguez)


I'm gonna go ahead and say that this is last decade's best Zombie movie. Actually, scratch that. Lembrei-me que o [REC] também é da década passada (e curiosamente, do mesmo ano também). Ok. É o segundo melhor filme de Zombies da década passada.

Na sua homenagem ao cinema exploitive dos anos 70, Robert Rodriguez traz-nos um filme onde acção e violência não faltam. Acontecimentos infortunos abundam neste Planet Terror. Contudo, é um filme que em minuto algum leva-se a sério. As mentes por detrás deste filme - lançado nos States juntamente com o Death Proof do Quentin Tarantino como uma única longa-metragem, não tivemos essa sorte por estes lados - sabiam exactamente que não estavam a criar nenhuma obra-prima do cinema contemporâneo e, como tal, aproveitam-se disso.

Com uma estética que relembra filmes passados (a parte do "Missing Reel" é um pormenor bastante humorístico), com armas no lugares de pernas e com um argumento terrivelmente foleiro, Planet Terror é surpreendentemente um dos filmes mais divertidos dos últimos tempos.

On a related note: O Quentin Tarantino devia ser proíbido de aparecer em frente a uma camâra.



quarta-feira, 6 de julho de 2011

Sin City e The Tree of Life?

Revisitei os becos e as ruelas de Sin City. “Walk down the right back alley in Sin City and you can find anything”, and indeed you can! O filme continua com a mesma vivacidade que tinha quando o vi pela primeiríssima vez no cinema e recomenda-se.


Mas adiante, não é do filme em si de que vou escrever. Estive depois a reflectir sobre o exercício estético que é Sin City e ao mesmo tempo veio à minha cabeça a última obra de Terrence Malick. O que têm estes dois filmes em comum? Diria que são ambos trabalhos profundamente fantásticos na sua composição visual. Sou um ávido fã da composição a preto e branco, com os seus splashes de cores aqui e ali do Sin City. Creio que o seu estilo visual arrojado foi uma lufada de ar fresco e uma ruptura com o que restante cinema oferecia, distinguiu-o e tornou-o único.

Depois lembrei-me de que o aspecto que mais tinha gostado no The Tree of Life tinha sido, também, a fotografia (com particular enfoque na cena da criação do Universo). A delicada forma de como foi trabalhada é notável, e mais uma vez, é o aspecto visual que torna a obra de Malick apelativa. E é aí que a comparação acaba.

Posteriormente coloquei-me a questão “Mas se os dois filmes têm um visual que tanto aprecio imenso, porque é que gosto muito mais de um do que de outro?”. Uma história, pura e simplesmente uma história. Enquanto que o enredo de Sin City não surge como sendo algo revolucionário no panorama dos argumentos da actualidade, consigo encontrar nele algo que me cativa. Infelizmente, o mesmo não posso dizer acerca da mais recente obra de Terrence Malick. A ausência de uma narrativa coerente alienou-me completamente do filme. Chegada à conclusão de que prefiro um milhão de vezes ver um filme que consegue entregar uma história, por mais simples e banal que ela seja, do que um filme que em toda a sua duração não consegue encontrar um fio condutor para contar a sua. Entre o Sin City e o The Tree of Life, give me the former any day of the week, month or year!

Salvo raras excepções, creio que irei colocar privilegiar o argumento como o elemento mais importante de um filme. Oh well.

domingo, 3 de julho de 2011

Fair Game (2010, Liman)


Baseado em acontecimentos reais, Fair Game relata a forma de como a identidade de Valerie Plame (Naomi Watts) – funcionária da CIA – foi exposta ao Mundo e de como é que isso afectou a sua vida profissional e pessoal. Um sofisticado thriller político que figura como um dos filmes mais refinados de 2010.

Afastando-se do género de acção a que se tinha acostumado, Doug Liman (realizador por detrás de filmes como Mr. And Mrs. Smith, Jumper e do terrífico The Bourne Identity) opta por assumir um tom mais low-key neste seu filme comparativamente com as suas prévias obras: deixa a narrativa fluir naturalmente, deixa os seus actores jogar com aquilo que lhes é dado. Fair Game é um filme bastante natural e que refrescantemente adopta uma postura política bastante neutra, tendo em conta que o filme tem como pano de fundo o infortuno acontecimento que foi o 11 de Setembro e toda aquela tensão directa que os EUA e o Iraque viveram nos anos seguintes.

 
Com uma realização e montagem extremamente sólidas, uma fotografia adequada e um argumento conciso, o sucesso do filme recai nos seus actores. Sean Penn desenvolve a sua personagem em conformidade com o tom geral do filme e surge como o catalisador de toda a estrutura narrativa. Apesar de não ser propriamente um dos pontos mais altos da ilustre carreira de Penn enquanto autor, não deixa de ser também um trabalho eficaz. Naomi Watts, contudo, compreende perfeitamente tudo aquilo por a personagem passou e brinda-nos com a sua melhor interpretação desde 2006 – ano em que protagonizou o The Painted Veil. De destacar a fantástica cena em que Naomi Watts afirma não ter um breaking point.

Concluindo, Fair Game destaca-se dos restantes thrillers políticos pela sua natureza minimalisticamente ancorada e por ter sido especialmente overlooked durante a época de prémios do ano passado.


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Looking Back At 1999.

#10
The Green Mile
Dir. Frank Darabont

#9
The Iron Giant
Dir. Brad Bird

#8
Todo Sobre Mi Madre [All About My Mother]
Dir. Pedro Almodóvar

#7
The Matrix
Dirs.Wachowski Brothers

#6
The Straight Story
Dir. David Lynch

#5
Three Kings
Dir. David O. Russel

#4
Fight Club
Dir. David Fincher

#3
Being John Malkovich
Dir.Spike Jonze

#2
Magnolia
Dir.Paul Thomas Anderson

#1
American Beauty
Dir. Sam Mendes
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