“Lost in Translation revels in contradictions. It's a comedy about melancholy, a romance without consummation, a travelogue that rarely hits the road.”
Richard Corliss
Time Magazine
Não gostei muito do Lost in Translation quando o vi pela primeira vez. Fez-me rir um bocado, mas não o achei nada de especial. “Era só isto?” foi a questão que me veio imediatamente à cabeça no momento em que o tinha terminado. Alguns meses depois a SIC decidiu exibí-lo às tantas da madrugada, pelo que o revi na esperança de que me fizesse adormecer. Pensei que fosse remédio infalível para a minha insónia. Fico contente por ter tido essa insónia.
Tóquio, Japão. O fantástico hotel Park Hyatt. Bob (tremendo Bill Murray) viaja até ao Japão para filmar um anúncio para a marca de whisky Suntory – “For relaxing times, make it Suntory time.” – pela módica quantia de dois milhões de dólares. Charlotte (Scarlett Johansson) acompanha o seu marido (Giovanni Ribisi) que vai para terras nipónicas fotografar uma nova banda musical. Face aos relativamente longos períodos de ausência do seu marido, Charlotte deâmbula pelo hotel e pelas ruas de Tóquio tentando incutir algum interesse na sua enfadonha estadia. Bob e Charlotte acabam por se conhecer no bar do hotel onde estão hospedados e a partir daí surgirá uma profunda conexão entre ambas personagens.
Será que este filme representa, para as audiências dos dias de hoje, o mesmo que Casablanca representou para inúmeras pessoas na década de 40? Realmente só o tempo dirá, mas gosto de pensar que sim. Lost in Translation caracteriza todas as idiosincrasias da actual geração: O desejo por novas experiências, o fascínio por um mundo altamente tecnológico e fortemente iluminado por néons, o constrangimento derivado do choque cultural decorrente do fenómeno da globalização.
Highlights:
- O argumento minimalista e a realização effortless, ambos por parte de Sofia Coppola, apenas suportam a expressão “por vezes, menos é mais”. E essa expressão, assenta em Lost in Translation que nem uma luva. Para mim, o ambiente que o filme proporciona é fantasticamente relaxante.
- Bill Murray e Scarlett Johansson. Murray consegue aqui aquela que é, discutivelmente, a melhor interpretação da sua carreira. Encarregue de ser a alma e o coração do filme – uma vez que o papel foi escrito propositadamente para ele, sendo que caso o tivesse rejeitado, não estaria hoje a escrever este texto – Bill Murray alia a comédia à melancolia de uma forma sublime, com uma grande mestria. Scarlett Johansson, que tinha apenas 19 anos na altura em que filmou Lost in Translation, transparece um grande à vontade diante das camâras, uma grande naturalidade e uma subtileza impressionantes.
- Diversas cenas. A do Lip My Stockings é hilariante, a rodagem do anúncio também. A festa do karaoke e a consequente viagem de taxi de volta ao Hotel, altura em que “Sometimes” dos My Bloody Valentine serve de banda sonora. Todas as cenas que envolvem Anna Faris (haverá mulher mais cómica em Hollywood? Acho que não). O final agridoce.
- A fotografia. Acontece que considero Lost in Translation ser um excelente cartão de visita do Japão. Eu bem sei a vontade com que fico de visitá-lo sempre que revejo este filme (hm. Deveria considerar o Hotel Park Hyatt enquanto Product Placement para a minha tese. Ahah)
- A banda sonora. So fuckin’ great.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
I didn’t enjoy much Lost in Translation on my first viewing. It made me laugh in some bits but by the end of it I didn’t thought I had seen something truly special. “That’s it?” was the question that immediately sprung to mind after I was done with it. A couple of months later, Lost in Translation aired on a TV channel at a relatively late hour. I decided to re-watch it as I was having trouble in sleeping that night. I thought it would be the perfect cure for my insomnia. I’m glad I had that insomnia.
Tokyo, Japan. The fantastic Park Hyatt hotel. Bob (Bill Murray) makes a trip to Japan in order to endorse Suntory’s whisky – “For relaxing times, make it Suntory time.” – for two million dollars. Charlotte (Scarlett Johansson) accompanies her husband (Giovanni Ribisi) who goes to Tokyo to shoot a fresh new band. To avoid the long periods of her husband’s absence, Charlotte wanders through the hotel and through the streets of Tokyo to inject some interest in her boring stay. Bob and Charlotte wind up meeting in the hotel’s bar lounge and they quickly establish a deep connection.
Does Lost in Translation represent the same thing Casablanca did for countless people during the 40s? Only time will tell, but I like to think it does. Sofia Coppola’s film embodies and defines all the idiosyncrasies of a generation: The desire of new experiences, the delight for a highly technological world bathed by neon lights, the awkwardness derived from the culture clash resultant of the globalization phenomenon.
Highlights:
- The minimalist and effortless approach to the scrip and the direction are a perfect practical example of the saying “sometimes, less is more”, and that expression simply fits Lost in Translation like a glove. From where I’m standing, this film’s mood is extremely relaxing.
- Bill Murray and Scarlett Johansson. Murray delivers here what can be considered, arguably, his finest hour. He has to carry the weight of the film on his shoulders. He has to be the film’s heart and soul – his role was actually written for him, so had he rejected it, I wouldn’t be writing this text today – and Murray mixes up comedy with melancholy in a decisively subtle manner. On the other hand, we have a 19 year old Scarlett Johansson delivering a very organic, subtle and natural performance.
- Many scenes: The Lip My Stockings! scene always makes me laugh so hard, and so does the scene revolving the commercial shooting. The karaoke party and consequent taxi ride back to the hotel, where My Bloody Valentine’s “Sometimes” kicks-in. Every scene with Anna Faris (Is there a funnier woman in Hollywood? Don’t think so). The bittersweet ending.
- The cinematography. Gorgeous shots of Park Hyatt. Beautiful landscapes and the depiction of Tokyo only makes me want to visit Japan more with each viewing (hm. I should consider Park Hyatt Hotel as a product placement for the purposes of my thesis! Ahah)
- The soundtrack. So fuckin’ great.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Sem comentários:
Enviar um comentário