O George Clooney consegue ser
absolutamente fascinante por detrás de uma câmara: GOOD NIGHT AND GOOD LUCK é
um soberbo exercício que explora o universo da política norte-americana dos
anos 50, uma era severamente marcada pelo clima de insegurança política
motivado pela caça aos comunistas levada a cabo por McCarthy. Foi o segundo
trabalho de George Clooney (após a sua estreia em 2002 com CONFESSIONS OF A
DANGEROUS MIND), e para mim, foi também o melhor filme de 2005. Interessante,
fluído e bem executado.
Em 2011, Clooney volta a
debruçar-se sobre o mundo da política com THE IDES OF MARCH e o resultado ficou
um pouco áquem das expectativas. O elenco é competente, destacando-se pela positiva
a interpretação de Evan Rachel Wood. No outro lado do espectro temos um Philip
Seymour Hoffman que parece estar um tanto aborrecido nos papéis que ultimamente tem vindo a
desempenhar (provavelmente será apenas
impressão minha, ou então as personagens que tem vindo a interpretar não
requerem muito mais esforço da sua parte). A escrita também é sólida.
Contudo, parece que falta algo ao
filme. Existe ali alguma tensão, mas não é suficiente para torná-lo memorável.
Existe ali, também, um carácter forçoso no próprio desenvolvimento da
narrativa. Por ventura, mais uns 15/20 minutos de filme poderiam conferir-lhe
uma fluidez mais natural, sem no entanto prejudicar o resultado final, em vez de os acontecimentos sucederem-se uns aos outros de uma forma extremamente rápida. Faltou ali algum tempo para deixar que os eventos decorressem de uma maneira mais reflectida.
No final do dia, temo que seja
apenas mais um filme que aborda a questão da corrupção na política. Vê-se bem,
mas faltou ali algo que o destacasse mais, que o tornasse memorável.