sábado, 4 de fevereiro de 2012

The Artist (2011, Hazanavicius)


Uma viagem ao passado. O regresso a uma altura em que uma imagem, literalmente, valia mais que mil palavras. A uma altura em que o diálogo se esconde atrás da grande tela e em que as expressões faciais e corporais assumem o papel principal. A uma altura em que o preto e branco era o rei do grande ecrã. Um filme da década de 1920 em pleno 2012. É essa a viagem que The Artist oferece, pela habilidosa mão de Michel Hazanavicius.

Uma ode aos primórdios tempos do Cinema. O ano é 1927 e George Valentin (Jean DuJardin) é uma das maiores estrelas do cinema mudo. Com o aparecimento do cinema falado, George prontamente rejeita a noção de que será algo permanente, acreditando que é apenas uma fase. Peppy Miller (Bérénice Bejo) é uma aspirante actriz, destinada a conquistar o Mundo. E enquanto Peppy se torna a face da transição do mudo para o falado, George vê a sua outrora ofuscante fama a descender aos fundos de um negro poço.


Deixando a sua marca no festival de Cannes e assumindo-se como um dos grandes favoritos na corrida aos Óscares, The Artist é inovador sem necessariamente o ser. Utiliza técnicas que constituiam a norma décadas atrás e aplica-as no presente, e só por esse simples facto diferencia-se automaticamente dos restantes filmes que por aí vão estreando (será que o The Good German, do George Clooney, beneficiaria da mesma popularidade que The Artist desfruta caso fosse mudo?).
 
Ainda que ao nível do argumento a obra de Hazanavicius também não seja extremamente original – The Rise and Fall de uma estrela, a insistente obstrução à mudança, a ascensão meteórica de uma outra estrela são alguns pontos que lembram certas personagens como Norma Desmond (Sunset Blvd., 1950) ou Margo Channing (All About Eve, 1950) – o charme deste pequeno filme é inegável, o que torna a sua visualização extremamente agradável.
 
Os aspectos técnicos são irrepreensíveis, a banda sonora captura a verdadeira essência do filme e a dupla DuJardin/Bejo evoca toda a classe dos actores de antigamente. Até o cão contribui para a elevada qualidade do resultado final. Se recomendo o filme? With pleasure.


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