Em 2004, um dos maiores e mais
significativos terramotos alguma vez registados teve o seu epicentro no sudeste
asiático. Seguido de um massivo tsunami, a memória desse Natal, para inúmeras
famílias, fica marcada pela dor e fragmentada pelos destroços da enorme
catástrofe. The Impossible relata a
experiência de uma família (Naomi Watts, Ewan McGregor e Tom Holland assumem,
brilhantemente, os papeis centrais) que se viu envolvida no meio de todo aquele
caos.
Cinco anos após o surpreendente El Orfanato, Juan Antonio Bayona volta à carga e transporta para o grande écrã
os eventos acima mencionados e, com The
Impossible, cria um afectante, poderoso e tocante filme. Recorrendo a um
irrepreensível uso da sonoplastia, a segunda longa metragem de Bayona causa
arrepios em diversos momentos e, nesse campo, a chegada – ou até mesmo os
breves instantes antecedentes – da monstruosa onda figura-se como uma das cenas
mais tensas do ano.
Nas suas interpretações, Ewan McGregor (a chamada
telefónica é dolorosa de ser ver) e Naomi Watts (só de lembrar a simples imagem
dela a agachar-se para se proteger do iminente choque é razão para sentir
aquele frio arrepio) mantêm o alto calibre com que nos
têm vindo a brindar ao longo das suas ilustres carreiras, conferindo uma grande
empatia às suas personagens. Tom Holland é revelatório e, caso decida
prosseguir com a carreira de actor, poderá vir a ser uma das futuras estrelas
de Hollywood.
É fortemente emocional, ainda que
tenha a ocasional cena em que a intelectualidade (forçada) venha um pouco mais
à tona. Contudo, estas poucos momentos não põem em causa a experiência que o
filme pretende transmitir, dado que The
Impossible se alimenta, em primeira instância, da agonia, desespero e falta
de rumo das suas personagens, e em segunda instância, dos laços que as unem.
9/10.