Um clássico norte-americano (nem
que o seja pelo simples facto de ter a assinatura de Billy Wilder) e o grande
vencedor da cerimónia dos Óscares do seu ano – tendo arrecadado as estatuetas
de Melhor Filme, Realizador, Argumento e Actor –, The Lost Weekend é um filme que, não obstante dos seus 67 anos,
permance actual.
Um doloroso retrato do desespero
que um desenfreado, pesado e rotineiro consumo de álcool é capaz de causar. Um
importante retrato feito numa época em que o alcoolismo no grande écrã servia,
essencialmente, para soltar as gargalhadas dos espectadores.
Uma garrafa pendurada do lado de fora da janela do quarto. Uma razão suficientemente sólida para (re)quebrar a
confiança que os entes queridos de Don Birnam (Ray Milland) depositam nele. Um
fim-de-semana perdido. Afinal, é só mais um copo. E outro. E porque não mais
um? Preso nesta rotina sistemática, Don envereda pelo caminho da auto-destruição,
que ele próprio construíu. Copos atrás de copos, até cair para o lado... ou
pelas escadas.
“It’s like the doctor
was just telling me – delirium is a disease of the night. Good night.”
Nas mãos de Billy Wilder, The Lost Weekend apresenta ainda uma
das cenas mais impactantes dos filmes de então. A alucinação de Don. E enquanto
que em The Maltese Falcon, Humphrey
Bogart profere uma expressão que tornar-se-ia icónica – “The stuff that dreams are made of” – podemos dizer que a
mencionada cena do filme de Wilder remete para a stuff that nightmares are made of. Morcegos e ratos. Sangue a
escorrer pela parede. Lunáticos gritos que ecoam pelo prédio inteiro. Uma cena
em que o audio e o visual se complementam de uma forma perfeitamente
assombrosa.
Na minha – ainda breve – incursão
pela filmografia de Billy Wilder, The
Lost Weekend representa mais um exímio exercício na escrita, na realização
e na direcção de actores. Fico feliz por saber o quanto ainda tenho por
explorar.