Foram vários os pensamentos que
me passaram pela cabeça aquando da nomeação de Kenneth Branagh para realizador
do filme Thor. Tendo dirigido filmes
como Much Ado About Nothing (1993) e Hamlet (1996) posso dizer que fiquei
surpreendido por vê-lo a abraçar um projecto que se afasta do seu habitual
registo.
Thor surge, então, como sendo apenas mais um filme no meio desta
vaga de adaptações de bandas-desenhadas de super-heróis ao grande ecrã e pouco
distingue-se dos demais. Nesse sentido, só consigo estar relativamente
desiludido pelo facto de Branagh não ter conseguido trazer algo de novo para
cima da mesa.
Thor (Chirs Hemsworth) é banido
de Asgard, pelo seu pai Odin (Anthony Hopkins) por ter reacendido e incitado
uma guerra com um outro reino. Assim, ele é enviado para a Terra, you know, para reflectir sobre o que
fez, para amadurecer, para encontrar o seu próprio caminho para se tornar num
ser melhor, enfim, para aprender a não ser mimado. Aqui ele conhece Jane
(Natalie Portman) e o resto é história. Loki (Tom Hiddleston), irmão de Thor,
ascende (ainda que temporariamente) ao trono de Asgard após Odin não ser capaz
de continuar a desempenhar as suas funções. No meio de revelações, Loki
desenvolve o seu plano para eliminar os Frost
Giants e assim garantir de uma vez por toda a harmonia e paz entre os dois
reinos – ou assim pensa ele.
À semelhança de outros
blockbusters, o argumento peca pela sua falta de desenvolvimento – quer das
suas próprias personagens, quer da própria narrativa. Será esta exposição de
eventos suficiente para conseguir definir incisivamente os motivos das
personagens? Será que tudo o que é retratado no filme suficiente para definir
as relações existentes entre as diversas figuras presentes na acção? Acho que
não. É tudo muito superficialmente abordado, o que deixa margem para muitos “mas?”
e muitos “porquês?”.
Contudo, os efeitos especiais e a
fotografia são bastante sólidos e pouco mais tenho a acrescentar no que
concerne aos aspectos técnicos do filme. Na frente das interpretações, Chris
Hemsworth é portador de algum carisma, pelo que consegue prender a audiência à
sua personagem – apesar de a mesma ser muito pouco desenvolvida – e o Anthony
Hopkins já teve melhores dias. Quanto à Natalie Portman? É interessante ver
como uma actriz consegue ir de um Cisne
Negro para isto num tão curto espaço de tempo.
Resumindo, é o Thor um desperdício de 2 horas? Não,
necessariamente. É um filme memorável? Longe disso. É um filme que entretem?
Diria que sim.