quinta-feira, 26 de abril de 2012

Shame (2011, McQueen)


Depois da sua estreia com Hunger (excelente, excelente filme), Steve McQueen volta a reunir-se com Michael Fassbender para presentear o seu mais recente esforço. Shame retrata a vida de Brandon (Fassbender), um nova-iorquino com os seus 30 anos, com sucesso no seu trabalho, com uma irmã (Carey Mulligan) inconstante e que se refugia no seu profundo vício por sexo. A sua rotina descarrila no momento em que recebe a sua irmã em casa, por uma estadia relativamente prolongada.

Com um ritmo bastante acelarado – que reflecte bem o estilo de vida de Brandon – Shame é bastante claro no seu propósito: o de perspectivar a forma de como é que um vício limita um indíviduo e a forma de como é que este encontra maneira de romper com esses limites, apenas para continuar a alimentar a sua dependência. Consegue ser, no entanto, algo repetitivo na transmissão da sua ideia. 

Contudo, é nas cenas em que os irmãos estão juntos que está o maior ponto de interesse do filme. E aqui, McQueen – muito inteligentemente – sabe o que deve mostrar e o que não deve mostrar. Ficam alguns pontos em aberto sobre aquela dinâmica que tornam o filme bastante mais interessante.

Por cima disso, temos ainda duas interpretações tremendas da responsabilidade de Michael Fassbender e da Carey Mulligan. Já se tinham afirmado como estrelas em ascensão nos seus anteriores projectos (Fish Tank e An Education, respectivamente e a título exemplificativo), e as suas performances neste filme apenas selam todas as expectativas. 

Tendo isto em conta, e preferindo pessoalmente Hunger a Shame, Steve McQueen começa a cimentar o seu lugar enquanto um dos mais interessantes realizadores a emergir nestes últimos anos. Que mantenha a forma, que o próximo dele será de visualização obrigatória. 


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