quarta-feira, 4 de abril de 2012

Chinatown (1974, Polanski)



You’ve got a nasty reputation Mr. Gittes. I like that.
Noah Cross

Um homem soluça ao descobrir que a sua mulher o engana. É Jake Gittes (Jack Nicholson) que lhe mostra as fotos após ter sido contratado para levantar as suspeitas que esse homem tinha. Private Investigator. A intriga está tão presente na vida de Gittes que o seu passado assola constantemente a sua mente. Chinatown. Algo correra mal.

“Mrs. Mulwray” contacta Gittes para resolver aquele que seria apenas mais um caso de traição matrimonial. Um misterioso caso que depressa se torna mais que uma simples e típica cena de adultério. Los Angeles, uma cidade marcada por uma severa seca. A construção de barragens é planeada para catapultar e impulsionar a cidade dos anjos, ainda que isso ocorra a custo do desespero de terceiros. Ainda assim, o ciclo de escoamento das águas na metrópole californiana assume padrões algo estranhos. Não é sistemática.

Evelyn Mulwray. Femme fatale. A entrada de Evelyn na vida de Jake acontece de forma abrupta. Primeiro com o intuito de tirar a pratos limpos tudo o que vem nos jornais sobre o caso do seu marido. Mas é uma relação que se mantém, em grande parte, por insistência de Gittes. A sua longa experiência no sub-mundo da investigação privada diz-lhe o contrário daquilo que lhe é dito. Chinatown. Um lugar que pesa.

Seja em momentos mais intimistas onde a frágil natureza de Evelyn Mulwray resvalece, seja em momentos amplamente marcados com uma crescente aura misteriosamente sinistra que paira nas imagens que compõem o filme, a obra de Roman Polanski é acima de tudo, um fulcral exercício na escrita de argumentos. E isso é particularmente visível no portentoso clímax do filme. E que momento esse! A tenebrosa sirene. A lúgubre noite. A impunidade do mau carácter a reinar por todo o caos.  Isto é Chinatown, em todo o seu esplendor.

Forget it Jake. It’s Chinatown

E enquanto uns dizem para esquecer e pôr tudo atrás das costas, prefiro não o fazer. Prefiro ter todo o brilhantismo de Chinatown bem presente na mente. Prefiro lembrar-me da assombrosa interpretação de John Huston que, com uma presença muito limitada, consegue roubar o espectáculo. Prefiro lembrar-me da icónica revelação – uma autêntica bomba atómica. Prefiro lembrar-me da suave maneira de como o mistério se desenrola. Prefiro lembrar-me do imponente final. Prefiro lembrar-me de Chinatown.


2 comentários:

  1. Gostei do texto. Também prefiro lembrar-me :)

    ResponderEliminar
  2. Thanks! Alguma vez viste a sequela? Não sei se me deva atrever a vê-la ou não. lol :)

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...