Com We Need To Talk About Kevin, Lynne Ramsay adapta o livro homónimo
assinado por Lionel Shriver e apresenta-nos um olhar sobre o desespero e o
exasperado conflito interno pelo qual uma mãe – Eva (Tilda Swinton) – passa
quando o seu filho – Kevin (Ezra Miller) – comete uma atrocidade de enormes
proporções na sua escola.
Optando por investir numa
estrutura narrativa não linear e recorrendo ao simbolismo associado à cor
vermelha (excessivo, até. Eventualmente a cor deixa de perder o seu significado
apenas para se tornar num elemento distractivo), a realizadora escocesa retrata
uma relação entre Mãe e Filho. Uma relação penosamente distante e fria. Os
sonhos e memórias que aquecem o coração de Eva são despedaçados com o
nascimento do seu filho. A maldade nasce com o homem ou é cultivada durante
todo o processo de crescimento?
Assistimos à relação destrutiva
que Mãe e Filho partilham. Assistimos ao massacre levado a cabo por Kevin.
Assistimos à forma de como Eva tenta prosseguir com a sua vida, carregando na
alma, e para o resto dos seus dias, o peso das suas dúvidas, da sua desilusão,
da sua impotência. São nestes particulares momentos em que Tilda Swinton
brilha, deixando que as suas expressões resvalem tudo o que Eva sente, sem que exista
a necessidade de expô-lo por palavras.
Creio que a expressão “por vezes,
menos é mais” adequa-se perfeitamente a este tipo de filmes: Não seria
necessário adoptar uma estrutura narrativa não linear, porque a história é
suficientemente cativante para captar a atenção. Um uso mais subtil do vermelho
também não seria mau, porque a certa altura a mensagem parece mais do que
forçada. We Need To Talk About Kevin
é um filme perturbador, mas que poderia ter tido um maior potencial e um
impacto emocional muito maior.
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