domingo, 20 de maio de 2012

We Need To Talk About Kevin (2011, Ramsay)


 
Com We Need To Talk About Kevin, Lynne Ramsay adapta o livro homónimo assinado por Lionel Shriver e apresenta-nos um olhar sobre o desespero e o exasperado conflito interno pelo qual uma mãe – Eva (Tilda Swinton) – passa quando o seu filho – Kevin (Ezra Miller) – comete uma atrocidade de enormes proporções na sua escola.

Optando por investir numa estrutura narrativa não linear e recorrendo ao simbolismo associado à cor vermelha (excessivo, até. Eventualmente a cor deixa de perder o seu significado apenas para se tornar num elemento distractivo), a realizadora escocesa retrata uma relação entre Mãe e Filho. Uma relação penosamente distante e fria. Os sonhos e memórias que aquecem o coração de Eva são despedaçados com o nascimento do seu filho. A maldade nasce com o homem ou é cultivada durante todo o processo de crescimento?

Assistimos à relação destrutiva que Mãe e Filho partilham. Assistimos ao massacre levado a cabo por Kevin. Assistimos à forma de como Eva tenta prosseguir com a sua vida, carregando na alma, e para o resto dos seus dias, o peso das suas dúvidas, da sua desilusão, da sua impotência. São nestes particulares momentos em que Tilda Swinton brilha, deixando que as suas expressões resvalem tudo o que Eva sente, sem que exista a necessidade de expô-lo por palavras.

Creio que a expressão “por vezes, menos é mais” adequa-se perfeitamente a este tipo de filmes: Não seria necessário adoptar uma estrutura narrativa não linear, porque a história é suficientemente cativante para captar a atenção. Um uso mais subtil do vermelho também não seria mau, porque a certa altura a mensagem parece mais do que forçada. We Need To Talk About Kevin é um filme perturbador, mas que poderia ter tido um maior potencial e um impacto emocional muito maior.


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