Deu que falar no Festival de
Cannes deste ano e foi afigurando-se como um dos filmes que mais antecipava. Será
Holy Motors um filme que primeiro se
estranha e depois entranha-se? Acho que se estranha e continua a estranhar-se,
mas que em breve entranhar-se-á. De qualquer forma, é um filme bastante único
nem que seja pela sua bizarra natureza.
Seguimos um
dia na vida de Oscar (Denis Lavant) que, à medida que se desloca numa limousine
por toda a cidade de Paris, vai cumprindo a sua agenda. Um actor que contracena
fora dos palcos e longe das luzes da ribalta. Uma idosa pedinte? Check. Um
artista de motion-capture? Check. Um “ser”
que habita os esgotos da cidade das luzes e que rapta uma supermodelo? Check. E
por aí adiante. Existirão muitos poucos papés que Oscar não consiga interpretar.
E aqui, é de se tirar o chapéu à interpretação de Lavant, que incorpora de uma
forma absolutamente natural todas as personagens que assume, ainda que com a
ajuda de uma irrepreensível maquilhagem.
Será Holy Motors um filme que comenta o
panorama fragmentado em que vivemos hoje, apesar de sermos portadores de
tecnologias que cada vez mais nos aproximam? Será Holy Motors um filme que apenas retrata uma alternativa vida de um
actor num futuro (não tão) distante? Será Holy
Motors um filme que critica o avanço tecnológico e acusa-o de tornar a vida
mundana e monótona? Qualquer que seja a interpretação que se retire do mais
recente trabalho de Carax, ou mesmo que não se retire qualquer conteúdo do
filme, Holy Motors vale a pena ser
experienciado, por jogar em grande parte com as sensações. Isso, e porque tem
chimpanzés e limousines que falam. É algo que revisitarei sem grandes dúvidas.
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