segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Holy Motors (2012, Carax)


Deu que falar no Festival de Cannes deste ano e foi afigurando-se como um dos filmes que mais antecipava. Será Holy Motors um filme que primeiro se estranha e depois entranha-se? Acho que se estranha e continua a estranhar-se, mas que em breve entranhar-se-á. De qualquer forma, é um filme bastante único nem que seja pela sua bizarra natureza.

Seguimos um dia na vida de Oscar (Denis Lavant) que, à medida que se desloca numa limousine por toda a cidade de Paris, vai cumprindo a sua agenda. Um actor que contracena fora dos palcos e longe das luzes da ribalta. Uma idosa pedinte? Check. Um artista de motion-capture? Check. Um “ser” que habita os esgotos da cidade das luzes e que rapta uma supermodelo? Check. E por aí adiante. Existirão muitos poucos papés que Oscar não consiga interpretar. E aqui, é de se tirar o chapéu à interpretação de Lavant, que incorpora de uma forma absolutamente natural todas as personagens que assume, ainda que com a ajuda de uma irrepreensível maquilhagem.

Será Holy Motors um filme que comenta o panorama fragmentado em que vivemos hoje, apesar de sermos portadores de tecnologias que cada vez mais nos aproximam? Será Holy Motors um filme que apenas retrata uma alternativa vida de um actor num futuro (não tão) distante? Será Holy Motors um filme que critica o avanço tecnológico e acusa-o de tornar a vida mundana e monótona? Qualquer que seja a interpretação que se retire do mais recente trabalho de Carax, ou mesmo que não se retire qualquer conteúdo do filme, Holy Motors vale a pena ser experienciado, por jogar em grande parte com as sensações. Isso, e porque tem chimpanzés e limousines que falam. É algo que revisitarei sem grandes dúvidas.

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