sábado, 8 de março de 2014

Blue Jasmine (2013, Allen)


Creio já ter mencionado por estas bandas que não sou propriamente o maior fã de Woody Allen. Quando Blue Jasmine estreou, foram muitos aqueles que elevaram a mais recente obra do lendário realizador ao mesmo patamar de outros dos seus mais-que-consagrados trabalhos. Gosto apenas de um ou outro filme de Allen (Match Point e Vicky Christina Barcelona vêm à cabeça de repente... assim como o Crimes and Misdemeanors. Não poderei dizer a mesma coisa sobre outros vários). Posso, no entanto, juntar Blue Jasmine ao reduzido leque de filmes que gosto do realizador. O que é bom.

Repetindo o que já se disse, este é o show da Cate Blanchett. Incapaz de fazer uma má interpretação, a Jasmine que retratou figurará seguramente como um dos mais sólidos desempenhos do seu impecável curriculum. Jasmine é uma personagem detestável, acomodada àquilo que de melhor o dinheiro consegue comprar. Está imersa no seu artificial e elitista círculo social e isso representa o melhor que a vida tem para oferecer. Tudo o que estiver abaixo disso não é digno de ser agraciado por Jasmine. Até que a sua vida dá uma tremenda reviravolta. Uma radical mudança que pouco serve para (re)ajustar a perspetiva que tem sobre a vida. É aqui que se destaca o exímio trabalho de Blanchett. A detestabilidade de Jasmine mantém-se, sim, mas Blanchett consegue incutir-lhe empatia e uma dimensão humana que passa para além do papel. Bravo.

Acho que daquilo que já vi de Allen, este filme é o que assume o tom mais sombrio. Blue Jasmine divide-se entre o presente e o passado, por flashbacks que são despoletados de forma circunstancial. É o passado que mais real parece. Representa os momentos que (ainda) pautam a vida de Jasmine e o que lhe é real. A sua nova dimensão é apenas um pesadelo do qual tem que acordar o mais rapidamente possível. Surge uma oportunidade de voltar a reviver a realidade que é sinónima de Jasmine mas depressa tudo colapsa novamente. E depressa também se esvai toda a sua personalidade...


Lá terei que dar mais umas chances ao Allen.

2 comentários:

  1. É uma tour de force da Cate Blanchett, sem dúvida, mas não consigo elevar o filme ao nível dos melhores de Woody Allen. Ainda há tão poucos anos nos trouxe esse fabuloso filme que é MIDNIGHT IN PARIS, superior e a léguas mais interessante do que este, na minha opinião. À parte as interpretações da dupla de atrizes principais, não gostei especialmente. A construção do argumento, então, é penosa. Também não gostei especialmente do VICKY CRISTINA BARCELONA. MATCH POINT foi uma agradável surpresa. Mas também tenho a dizer que Allen não é, quanto a mim, um realizador fora de série, pelo menos como é enquanto argumentista. Nisso estou de acordo contigo, também não sou o fã mais acérrimo.

    Cumps.
    Roberto Simões
    http://cineroad.blogspot.pt/

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  2. Tenho muita curiosidade quanto a este filme, como referes que é mais sombrio que o habitual, fico a pensar em algo mais à imagem de Interiors, que por acaso até é o meu preferido do Woody Allen.

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